CÉLULA EVANGELÍSTICA – 4

Ousadia

Textos base: Dt 31.6 e Js 10.25


Introdução: A prática da ousadia é a arte de portar-se corajosamente diante das obrigações, oportunidades e desafios da vida cristã e do ministério decorrente da vocação celestial, em função do poder de Deus e dos recursos que ele coloca à disposição de todos que o cercam e de todos
que o servem.
Não é pequeno o número de tímidos. Por causa da timidez, o homem não faz tudo que poderia fazer, não alcança todas as vitórias que poderia alcançar. Fica parado, sonhando sempre, desejando sempre, planejando sempre, tendo sempre as mesmas boas intenções.
O mal de muitos é o receio, o medo, o acanhamento, o acovardamento, a indecisão. Todavia, a timidez favorece a preguiça e a preguiça favorece a timidez.

Desenvolvimento: A Bíblia trata a timidez com rigor. Entre os judeus, o soldado “medroso e de coração tímido” deveria voltar para casa: além de inapto, ele poderia contagiar os outros com a sua timidez (Dt 20.8). Jesus fez uma pergunta muito séria aos discípulos por ocasião da travessia
do mar de Genezaré: “Por que sois assim tímidos?” (Mc 4.40). O medroso precisa descobrir as razões de sua timidez e livrar-se dela.

I. Ousadia não é escarcéu: Ousadia não é esbravejar, ameaçar, fazer barulho, bazofiar, prometer mundos e fundos, chamar a atenção, desafiar a adversidade e os adversários, subir acima das nuvens do céu. Ela não é outra coisa senão dar conta do recado com permanente disposição e
com o prudente acompanhamento da modéstia cristã. O exercício da ousadia não prejudica o exercício da humildade, nem este prejudica aquele. Uma virtude não ofusca nem danifica a outra.


II. Coragem! A ordem “Sê forte e corajoso” é muito insistente nas Escrituras. Foi dirigida ao povo de Israel em ocasiões de perigo e desafio, na época de Moisés (Dt 31.6), Josué (Js 10.25) e Ezequias (2Cr 32.7). Foi dirigida a Josué, o sucessor de Moisés, seguidas vezes (Dt 31.7, 23; Js 1.6, 7, 9, 18). Mais de quinhentos anos depois, Davi achou por bem repetir as mesmas palavras a Salomão, seu filho e herdeiro do trono (1Cr 22.13; 28.10). Jesus usava com frequência uma expressão semelhante (“Tem bom ânimo”), que a Bíblia na Linguagem de Hoje reduz em uma só palavra: “Coragem!” O Senhor deu esse conselho ao paralítico de Cafarnaum (Mt 9.2), à mulher hemorrágica (Mt 9.22), aos discípulos (Mt 14.27), ao cego de Jericó (Mc 10.49) e mais uma vez aos discípulos: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).
À tripulação e aos passageiros do navio seriamente ameaçado de naufrágio nas proximidades da ilha de Malta, no Mediterrâneo, Paulo aconselhou com insistência: “Senhores, tende bom ânimo! Pois eu confio em Deus” (At 27.22, 25). O próprio Paulo, antes dessa viagem a Roma na qualidade de prisioneiro, ouviu a oportuna advertência de Jesus Cristo: “Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (At 23.11).


III. Ousadia para quê? Precisamos de ousadia para entrar com naturalidade na presença de Deus, no Santo dos Santos, como diz as Escrituras (Hb 10.19), certos de que o Senhor nos recebe e nos atende em Cristo. Precisamos de ousadia para sair da rotina e fazer proezas: “Em Deus faremos proezas” (Sl 60.12). A ousadia espiritual pode conduzir-nos à experiência de Paulo: “Tudo posso aquele que me fortalece” (Fp 4.13).
Precisamos de ousadia para seguir os caminhos do Senhor, indo contra a opinião pública, contrariando o sistema, nadando contra “o curso deste mundo” (Ef 2.2), não nos conformando com este século (Rm 12.2). Esses alvos são profundamente difíceis e exigem séria e constante
intrepidez. Vejamos a experiência de Josafá: “Tornou-se-lhe ousado o coração em seguir os caminhos do Senhor” (2Cr 17.6).
Conclusão: Precisamos de ousadia para confiar em Deus, ainda que andemos pelo vale da sombra da morte (Sl 23.4), “ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares”(Sl 46:2).

Por Pastor Eliel Cordeiro